terça-feira, 24 de março de 2015

RED SONJA


Saiba também, ó príncipe, naquele mesmo dia em que o Cimério atacou o Reino Hiboriano, uma das poucas mulheres dignas de portar uma espada, era Sonja, a Vermelha, uma mulher guerreira, que seria a majestade de Hirkânia. Foi forçada a fugir de sua pátria, pois ela rejeitou os avanços de um rei e o matou; ela seguiu para o oeste através das estepes de Turan e nas névoas negras de Legendry.
Era uma tempestade. Uma tempestade com ventos vermelhos. Fogo e espadas estavam nela. Quando chegou, era uma floresta. Quando partiu, restara uma única árvore. Eu sou aquela árvore. Meu nome é Jessa. Esta não é a minha história, mas a história de uma tempestade, uma tempestade vermelha...
Ela era branca e vermelha, como a areia sobre o fogo. A tempestade a trouxe até aqui, se eu soubesse, teria fugido...ou envenenado sua bebida. Todavia...
- Aqui nós temos um pouco de tudo – eu disse pra ela – Até um pote para goteiras, pena que ele encha rápido.
Ela deixou cair sobre o balcão cinco peças de cobre.
- Então o mantenha sempre vazio.
Sua voz era firme, decidida. Enchi um copo de cerveja.
- Você está de passagem ou vai ficar?
A outra não respondeu. Olhou para o sacerdote sentado nos fundos da taverna. O pobre diabo quase estragou tudo. Guardou a adaga bem a tempo.
- De passagem, eu posso dizer – Empurrei o copo de cerveja para ela.
- Uma profeta ou uma pessoa normal?
Passei levemente os olhos pelo corpo seminu da guerreira hirkâniana.
- Eu percebo coisas. Você está voltando do trabalho. Você é uma mulher forte, não teme os homens...Você é uma guerreira...ou pior. Você está viajando há muitas milhas. Vinda de...uma batalha.
Ela estava me olhando com aqueles olhos verdes severos. Notei logo o quanto ela era impaciente. Engoli seco, peguei uma tigela de pães.
- Eu... eu posso estar errada... vamos, pegue um pão, é um presente.
Um bêbado se levantou com um copo de cerveja nas mãos e começou a bradar:
- Clamem pelos guerreiros, clamem pelos que tombaram... clamem pelos heróis... clamem pelas batalhas perdidas e vencidas.
- E clamem pela mãe e seu filho agonizante – sussurrou Sonja.
O bêbado deixou o copo e saiu xingando baixinho. Eu agradeci por ela ter ficado quieta em seu lugar. Pensei que sacaria a adaga e mataria o idiota. Mas não, sorveu até a última gota de cerveja.
- Desculpe – eu disse – a cidade está... vazia. A maioria dos homens foram recrutados. Eles partiram...
Em partes, era verdade. Muitos tinham morrido naquele dia. Os sacerdotes estavam cortejando o corpo de um nobre senhor. Tinham passado pouco antes de ela aparecer, em frente à taverna com suas vestes rochas, segurando tochas e estandartes do deus Borat-Na Fori.
- Jessa! Cala a boca e me sirva! – gritou o sacerdote que estava sentado nos fundos - Sua mulher relaxada! Sua língua é profana! Você não sabe o que está falando. Você não sabe que uma noite sem fim, cai após um dia de sangue?!
Corri para encher um copo de cerveja. Para meu espanto, Sonja se ofereceu para servir o sacerdote. Ela foi muito simpática e conversamos por um longo tempo. Depois que todos tinham ido embora, somente Sonja restara. E estava bêbada e soluçava como uma porca.
- Jessa, mais uma... hic... eu ainda estou com sede.
- Obrigada ruiva, se não fosse por você, eu estaria sem trabalho.
- Não me agradeça ainda... hic.
Depois apagou.
Eu não sei por que eu fiz aquilo. Eles disseram que me machucariam se não fizesse. Mas, os homens que pediram isso, vieram antes. Uma parte de mim quis fazer aquilo. Uma parte que permanece aqui. Uma parte de mim, que hoje reza pela saúde deles no dia do sacrifício.
Nós dissemos a um guerreiro. A tempestade está em sua alma. Mas ela estava bêbada. A tempestade morreu nela... e agora, ela também morreria. Pelo menos foi assim que eles disseram. Falando como homens de guerra, como aqueles que sabem dessas coisas. Nós pensávamos que estávamos de olho na tempestade... Mas, os ventos mudaram e o olho se foi. O momento da agitação passou, só restou o vento, a tempestade vermelha, a chuva vermelha... RED SONJA. Ela viu quem nós éramos. Oh deus, ela nos julgou.
E não houve nenhuma clemência por parte dela. ela permitiu-me viver, mas não por clemência. Veja, ela até me deu a faca dela, que haviam me prometido. E ela me deu a vida... como se soubesse que viver agora, neste lugar, era a pior coisa que eu poderia desejar.
Era uma tempestade. Uma tempestade com ventos vermelhos. Fogo e espadas estavam nela.
Quando chegou, era uma floresta, quando partiu, restara uma única arvore. Eu sou esta árvore.

O ANÃO E O VAGABUNDO


O anão estava naquela cidade havia dois dias e meio, se soubesse o quanto uma capital humana fosse tão barulhenta e mal cheirosa, teria procurado uma colina de halflings, pelo menos eles eram mais sossegados, quando queriam ser. Dwali, certo dia, então, resolveu deixar o albergue para procurar um emprego, e veja bem o que ele conseguiu encontrar, se é que o anão conseguiu encontrar alguma coisa. Ficou sabendo que um velho estalajadeiro precisava de segurança, então, Dwali trouxe consigo seu poderoso martelo. Mas passando por uma viela pouco movimentada, notou que uma donzela estava sendo molestada por vagabundos e resolveu intervir.
- O que estão havendo aqui? – indaga o anão em sua voz intimidadora de guerreiro veterano, satisfeito de que teria uma boa briga.
Os vagabundos ao ver que Dwali se apresenta de maneira imponente, ficam amedrontados. Eles não esperavam ser interrompidos por ninguém. Um deles implora:
-Por favor, meu senhor não nos mate, nem nos entregue as autoridades. Esta mulher é só uma puta.
- Não me interessa o que ela é, seu vagabundo deplorável. Vocês merecem uma boa surra.
- Não! Por favor senhor anão, não nos mate. Não vamos fazer isso mais. Acredite em nós...
- Fujam, seus ratos. Nunca se atrevam a chegar perto desta, ou qualquer outra mulher, ou vão apanhar até a morte.
Então, como ratos imundos, os vagabundos fogem em debandada, tropeçando uns nos outros. Entretanto, um deles não se intimidou. Este sujeito era corcunda, mas mesmo assim, bem mais alto que um o anão. Ele corre na direção da garota e tirando uma adaga da cintura faz ela de refém, encostando o aço na garganta dela. Ele olha pra Dwali, destemido e diz:
- Em breve esta cidade estará em cinzas. Volte para o buraco que você veio anão bastardo! Esta não é a sua gente. Deixe-nos em paz!
Dwali anda na direção dele, com calma, porém pronto para agir.
- Qual seu objetivo com isso? 
- Pare onde está anão bastardo. O que você tem haver com isto? Volte para sua terra nojenta! Este reino, em breve estará ardendo em chamas. O inferno vai chegar anão. Deixe-me foder antes que esta desgraça ocorra!
Pensando que o vagabundo estava distraído, Dwali investe contra ele com seu martelo empunhado.
- Bastardo!
Precipitado de mais. O vagabundo desliza a lamina pelo pescoço liso da garota. O sangue esguicha para todos os lados.
- Você vai morrer por isso, seu lixo!